As stablecoins são um dos pilares mais importantes da economia cripto moderna. Em um ecossistema caracterizado por forte volatilidade e inovação constante, elas oferecem estabilidade, liquidez e eficiência para aplicações que vão de simples transferências a complexas operações em finanças descentralizadas (DeFi).
Por mais que o Bitcoin tenha sido a cripto que abriu as portas desse universo digital, provavelmente as stablecoins tenham como utilidade servir como a porta de entrada para quem tem como principal receio a enorme volatilidade envolvida com as transações neste mercado.
Neste artigo vamos te explicar o que são as stablecoins, como funcionam, seus principais usos e quais são os projetos deste tipo com maior relevância em 2025, além de discutir riscos e tendências regulatórias.
O que são Stablecoins? E quantas são suas categorias?
Stablecoins são criptomoedas cujo valor é vinculado a um ativo estável, geralmente uma moeda fiduciária como o dólar (USD), o euro (EUR) ou até commodities como o ouro. A principal função delas é reduzir a volatilidade comum em ativos digitais como Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH), criando uma ponte segura entre o sistema financeiro tradicional e o universo cripto.
Existem três grandes categorias de stablecoins. A primeira são as stablecoins lastreadas em moeda fiduciária (fiat-backed), que mantêm reservas em bancos — geralmente em moedas como dólar ou euro — para garantir a paridade de 1:1 com a stablecoin emitida. Esse modelo exige confiança em uma entidade emissora centralizada, como é o caso das stablecoins USDT (Tether), USDC (Circle) e FDUSD.
A segunda categoria são as stablecoins colateralizadas por criptoativos, que mantêm reservas em criptomoedas voláteis, como o ETH. Para lidar com a volatilidade, elas geralmente utilizam o mecanismo de sobrecolateralização, exigindo, por exemplo, o depósito de US$150 em ETH para emitir US$100 em stablecoins. Essas moedas operam de forma descentralizada, por meio de contratos inteligentes, como no caso do DAI, da MakerDAO.
Por fim, existem as stablecoins algorítmicas, que tentam manter a paridade com moedas fiduciárias por meio de contratos inteligentes que ajustam a oferta e a demanda com base em incentivos de mercado. Essas stablecoins não possuem reservas reais, o que pode torná-las instáveis. Diversos projetos baseados nesse modelo falharam — o caso mais emblemático foi o colapso do UST/LUNA em 2022 —, razão pela qual essa categoria ainda é considerada altamente experimental.
Qualquer que seja a categoria, lembre-se: stablecoin é a cripto que tem como base um ativo estável e busca sempre seguir adiante com essa estabilidade. Seria quase, em uma comparação com o mundo fiduciário das moedas, um “câmbio fixo”.
Quais são os benefícios das stablecoins?
Stablecoins oferecem vantagens únicas que impactam tanto usuários individuais quanto empresas, governos e instituições financeiras. Alguns dos principais benefícios são:
1. Baixa volatilidade
Mesmo inseridas em um ecossistema altamente dinâmico, as stablecoins mantêm valor estável — o que as torna ideais para pagamentos, contratos e investimentos com menor risco de variação de preço.
2. Transações rápidas e com baixo custo
Por operarem em blockchains públicas (como Ethereum, Tron, BNB Chain), as stablecoins permitem transferências internacionais em segundos, com taxas muito inferiores às de sistemas bancários tradicionais (SWIFT, remessas).
3. Acesso global e sem burocracia
Qualquer pessoa com um smartphone e uma wallet pode receber, armazenar ou enviar stablecoins — sem precisar de conta bancária ou verificação de crédito.
4. Aplicações em DeFi
Stablecoins são a base de muitos protocolos descentralizados: pools de liquidez, mercados de empréstimo, derivativos sintéticos e mecanismos de governança.
5. Proteção contra inflação
Usuários em países com moedas instáveis (ex: Argentina, Venezuela, Turquia) adotaram stablecoins como forma de preservar poder de compra em dólar ou em alguma outra moeda forte.
Principais stablecoins de 2025 por valor de mercado
O mercado de stablecoins chegou a ultrapassar US$230 bilhões em valor de mercado em 2025, com predominância de ativos lastreados em dólar.
As mais relevantes stablecoins, quando olhamos para o valor de mercado (na primeira quinzena de junho de 2025), são:
1. Tether (USDT)
Valor de mercado: > US$150 bilhões;
Emissão pela Tether Limited, ligada ao grupo Bitfinex;
Amplamente usada por traders devido à liquidez e presença em múltiplas blockchains (Ethereum, Tron, Solana, Polygon);
Ainda alvo de críticas por falta de transparência total nas reservas, embora tenha melhorado as auditorias desde 2023.
2. USD Coin (USDC)
Valor de mercado: > US$60 bilhões;
Emitida pela Circle e auditada por empresas independentes;
Com forte aderência institucional, é usada por grandes fintechs e projetos DeFi;
Opera em Ethereum, Solana, Avalanche, Arbitrum e outras redes compatíveis com EVM.
3. Dai (DAI)
Valor de mercado: ~US$5 bilhões;
Emitida pela MakerDAO, com governança descentralizada via tokens MKR;
Colateralizada por ativos como ETH, wBTC e, em parte, USDC;
Sua estabilidade depende do mecanismo de sobrecolateralização e decisões da comunidade.
4. FDUSD (First Digital USD)
Valor de mercado: ~US$1,5 bilhão;
Stablecoin em crescimento emitida por instituições licenciadas em Hong Kong;
Forte apoio da Binance, com presença estratégica em pools de liquidez e lançamentos de tokens;
Competidora direta do USDT na Ásia.
5. TrueUSD (TUSD)
Valor de mercado: pouco menos de US$500 milhões;
Com crescimento expressivo em 2023–2024, passou a integrar listas de liquidez prioritária em diversas exchanges;
Emissão programável e provas de reserva auditadas em tempo real.
Como usar stablecoins na prática
Agora que você já sabe o que são stablecoins, quais suas categorias e ficou sabendo de cinco que se destacam neste ano, é hora de saber como você pode se utilizar delas. Stablecoins são extremamente versáteis.
Veja algumas formas comuns de uso em 2025:
1. Negociação em exchanges
São amplamente usadas como par base (ex: BTC/USDT, ETH/USDC), permitindo entrada e saída de posições sem passar por moedas fiduciárias.
2. Remessas internacionais e pagamentos
Empresas e usuários comuns usam stablecoins para transferir valores entre países, pagando taxas mínimas e sem intermediários bancários.
3. Renda passiva em CeFi e DeFi
Em plataformas CeFi como Binance Earn, você pode bloquear stablecoins por um prazo e receber rendimento fixo ou variável;
Em DeFi, pode fornecer liquidez a pares de stablecoins (ex: USDC/DAI), obter juros via lending (Aave, Compound) ou participar de estratégias como yield farming.
4. Cobertura e proteção
Em momentos de queda generalizada do mercado, muitos investidores "realocam" seus ativos para stablecoins como forma de preservar valor enquanto aguardam nova entrada.
5. Meio de pagamento em projetos Web3
Cada vez mais dApps, DAOs e marketplaces aceitam stablecoins como forma de pagamento por bens, serviços e taxas de transação.
Riscos e regulações: o que observar
Embora sejam mais estáveis, stablecoins não estão isentas de riscos:
Risco de colapso (como foi o caso da UST em 2022) — especialmente para modelos algorítmicos.;
Concentração e risco regulatório, já que a maioria das stablecoins é controlada por empresas privadas;
Congelamento de ativos por autoridades em casos de investigações criminais ou sanções;
Interoperabilidade limitada em alguns ecossistemas blockchain.
Em 2025, muitos países já discutem regulações específicas para stablecoins, exigindo que emissores tenham licenças, relatórios regulares e auditoria de reservas. Isso pode dar mais segurança aos usuários, mas também pode limitar a inovação.
Stablecoins: uma porta de entrada ao universo cripto!
Stablecoins são hoje muito mais do que apenas criptomoedas estáveis — elas são a espinha dorsal do mercado cripto moderno. Servem como unidade de conta, meio de troca, base de liquidez e ponte para novas soluções financeiras.
Entender como funcionam, suas diferenças estruturais, benefícios e limitações é essencial para qualquer investidor, usuário de DeFi ou entusiasta Web3.
Com o avanço da regulação e a expansão da adoção, tudo indica que as stablecoins seguirão ganhando espaço — não apenas como instrumentos de estabilidade, mas como ferramentas de inclusão e inovação financeira global.
E você, tem stablecoins em sua carteira?
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