Uma das expressões mais temidas no universo cripto é “volatilidade”. Sejam movimentos de Bitcoin que disparam 10% em um só dia, ou uma altcoin que sofre quedas de 30% após um simples post em rede social, é inegável que os ativos digitais operam em um cenário mais turbulento do que a maioria dos mercados tradicionais.
Para alguns, isso traz adrenalina e oportunidades de lucro rápido; para outros, a volatilidade gera ansiedade e incerteza. Mas você sabe quais são os motivos que fazem com que as criptos sejam tão voláteis? E, mais ainda: sabe como gerenciar esse sobe e desce sem perder o foco em investimentos de longo prazo?
Neste artigo vamos te explicar o que é volatilidade, por que ela ocorre e, principalmente, sugerir estratégias para que você se proteja e possa atravessar os períodos de turbulência.
O que é volatilidade? E como ela aparece no mercado cripto?
Volatilidade, em termos simples, se refere às variações intensas e rápidas de preço de um ativo. No caso de criptomoedas, essas flutuações costumam ser mais bruscas do que, por exemplo, em ações na bolsa de valores ou títulos de renda fixa.
Uma moeda digital pode valorizar 20% em poucas horas, e, logo em sequência, perder quase todo esse ganho, levando os usuários a grandes lucros ou prejuízos. A volatilidade também indica um grau de risco: quanto mais imprevisíveis os movimentos, mais difícil planejar entradas e saídas de forma precisa e, é claro, mais complicado estimar o que poderia acontecer no longo prazo.
É importante lembrar que nem todas as criptomoedas têm o mesmo grau de volatilidade. As mais consolidadas, como Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH), embora também voláteis, costumam oscilar menos que muitos tokens recém-lançados que dependem de hype ou especulação de comunidades pequenas.
Por que as criptos são tão voláteis?
Não existe um único fator que explique a volatilidade, mas sim um conjunto de circunstâncias.
Primeiro, o tamanho do mercado do universo cripto ainda é relativamente pequeno em comparação a mercados tradicionais, como câmbio, previdência privada ou bolsa de valores. Com menor liquidez global, ordens de compra ou venda expressivas podem causar impacto significativo nos preços.
Em segundo lugar, há o componente especulativo e de “notícias bombásticas”, incluindo posts de redes sociais de personalidades ou anúncios de parcerias que fazem os investidores correrem para comprar ou vender em massa. Novamente aqui temos impacto de uma liquidez reduzida: é mais fácil ver variações fortes de cotações quando o volume negociado é menor.
Também não podemos esquecer da falta de consenso regulatório, que gera incerteza em diversos países (ainda que esse mercado seja global), e também da presença de traders alavancados (operando com margem e empréstimos). Em um mercado baseado em blockchain — descentralizado e global — bastam alguns eventos para desencadear euforia ou pânico, amplificando os movimentos de preço.
Um último ponto relevante é o fato de que esse mercado nunca dorme. Diferentemente dos outros mercados tradicionais, que funcionam durante certas horas por dia e certos dias da semana, no caso do mercado cripto as transações acontecem globalmente e o tempo todo. Em termos diretos, a “hora para descansar a cabeça e se recuperar da oscilação do dia” não existe quando falamos do universo cripto.
Como lidar com a volatilidade: estratégias de proteção e crescimento
Diante desse cenário cheio de altos e baixos, como um investidor ou trader pode navegar sem se perder em meio a oscilações intensas? Aqui vão sete dicas inspiradas em recomendações de especialistas e nas melhores práticas do mercado:
1) Defina metas claras e objetivos de longo prazo
Antes de decidir investir em cripto, pergunte a si mesmo: você busca retornos rápidos no curto prazo ou pretende manter os ativos por meses ou anos acreditando em sua adoção futura? Se a meta for de longo prazo, você pode aceitar melhor as flutuações diárias. Se for algo mais imediato, precisará acompanhar o mercado com mais frequência e talvez usar stop-loss para limitar perdas.
Saber o que você quer é essencial antes mesmo de começar nesse mercado.
2) Diversifique para reduzir riscos
Não concentre todos os recursos em uma única criptomoeda, por mais promissora que pareça e por mais consolidada que seja. Diversificar envolve selecionar projetos com diferentes propósitos (como Bitcoin, Ethereum, algumas altcoins sólidas e até stablecoins) para equilibrar riscos. Dessa forma, se uma delas cair muito, as outras podem compensar.
E lembre-se: stablecoins atreladas ao dólar (ou outro ativo estável) podem servir de porto seguro em momentos de turbulência.
3) Gerencie sua exposição a esses ativos
Para quem deseja operar com certa segurança, destinar apenas uma fração do portfólio total às criptomoedas é uma prática comum em gestão de risco. Dentro do montante alocado em cripto, ainda é recomendável definir tetos para cada projeto específico.
Assim, um movimento negativo em um token não compromete todo o investimento.
4) Use estratégias de compra periódica
Uma forma de evitar comprar tudo de uma vez em momentos de pico é o DCA (Dollar Cost Averaging), no qual você adquire criptos em intervalos regulares e quantias fixas, independentemente do preço.
Isso dilui a volatilidade, impede a tentativa arriscada de “adivinhar o fundo do mercado” e facilita o planejamento, especialmente para quem acredita no valor de longo prazo das criptos;
5) Se informe melhor sobre stop-loss e outros tipos de ordens de proteção
Se a ideia é fazer trades de curto prazo, vale usar ordens de stop-loss e stop-limit para limitar perdas. Dessa maneira, se o valor cair além de certo patamar, a ordem se ativa e liquida sua posição, impedindo que o prejuízo aumente. Embora isso não seja infalível em gaps abruptos, pode evitar cenários de pânico ou “travamento” de capital.
Cada exchange apresenta possibilidades diferentes nesse campo, vale a pena ficar por dentro de todas que forem disponibilizadas pela corretora que você escolher para fazer suas transações;
6) Acompanhe notícias e preços com a frequência que se encaixa a você
Por ser um mercado tão sensível a notícias, qualquer novidade pode disparar ou afundar os preços em horas. Esteja atento a anúncios de governos, grandes parcerias ou atualizações técnicas (por exemplo, forks ou adoção institucional).
Ficar de olho em sites confiáveis e redes sociais de influenciadores de renome ajuda a reagir rapidamente, mas com cuidado para não cair em FOMO (Fear Of Missing Out) ou FUD (Fear, Uncertainty and Doubt) excessivos. Foque na missão que você mesmo decidiu (e, de novo, é por isso que a primeira dica é tão relevante);
7) Observe os fluxos e como se movimentam projetos parecidos
Para além de entender mais sobre projetos em específico, vale ficar atento a movimentações de projetos parecidos entre si; no limiar, existe ainda a possibilidade de acompanhar todo o mercado de altcoins e verificar se estamos em uma temporada com maior potencial de crescimento dessas cotações.
É claro que cada projeto tem suas particularidades, mas em se tratando de um mercado com milhares de projetos, podemos minimamente ver aspectos parecidos entre eles que justifiquem uma “movimentação conjunta” de cotações.
Colocar em prática todas essas dicas não te isentará de passar por todo e qualquer apuro no universo cripto, mas certamente reduzirá bastante sua chance de cair em alguma cilada. Agir de maneira consciente é sempre a melhor pedida.
Outra grande vantagem de entender sobre volatilidade é poder surfá-la
O investidor de maior sucesso não é o que busca “zerar” a volatilidade — isso seria quase impossível de fazer em se tratando de um setor tão inovador —, mas o que faz dela uma aliada ou a ameniza quando quer manter ativos de forma mais estável. Traders bem informados utilizam a volatilidade para buscar lucros em swings de preço ou para acumular mais unidades de criptomoeda nas quedas, vendendo em momentos de alta.
Entretanto, se alguém não se encaixa no perfil de suportar esse sobe e desce emocional, deve repensar a alocação em criptomoedas ou concentrar-se em ativos mais estáveis dentro desse campo (por exemplo, stablecoins, embora também tenham seus riscos).
A compreensão dos motivos que levam os preços a se moverem rápido, bem como a implementação de técnicas de proteção, é o diferencial entre aproveitar um ciclo de alta e entrar em pânico quando o mercado recua.
Saiba o que você quer, adapte sua estratégia e mantenha a calma
Criptomoedas são voláteis porque ainda representam um mercado novo, com maior propensão à especulação e incerteza regulatória. Essa dinâmica, no entanto, atrai quem busca retornos acima da média dos mercados tradicionais, mas demanda conhecimento, paciência e instrumentos de proteção. Conforme esse mercado vai se tornando mais aceito, sua volatilidade tende a ser reduzida. Conhecer estratégias como diversificação, DCA, uso de stop-loss e monitoramento constante de notícias faz toda a diferença para manter a serenidade em meio a variações bruscas.
Em 2025 o cenário cripto segue empolgante e propulsor de mais desenvolvimento e maturidade, mas é essencial lembrar que a volatilidade não desaparece de uma hora para outra. Ao contrário, ela pode aumentar em função de novos produtos, maior exposição da mídia ou até movimentos de baleias que movimentam grandes quantias de cripto.
Saber como lidar com isso faz de você um investidor mais consciente, capaz de surfar as ondas do mercado — ou, ao menos, enfrentar menos sustos no caminho.
Você já tinha pensado em todos esses pontos quando o assunto é volatilidade?
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