Investir em criptomoedas vai muito além de comprar um ativo “porque ele está subindo”. O mercado cripto é volátil, complexo e cheio de projetos com propostas muito diferentes. 

Por isso, antes de investir em qualquer token, é essencial analisar algumas métricas fundamentais. Elas funcionam como sinais que ajudam você a entender se um projeto é promissor, confiável e tem liquidez suficiente para entrar e sair com segurança.

Neste artigo, vamos te explicar sobre como você precisa interpretar cinco dessas métricas: volume de negociação, liquidez, número de holders, capitalização de mercado e suprimento em circulação.

1. Volume de negociação (trading volume)

O volume de negociação mostra quanto dinheiro foi movimentado com aquela criptomoeda em um determinado período, geralmente nas últimas 24 horas. Esse número revela o nível de interesse dos investidores naquele ativo.

Se o volume for alto, significa que muitas pessoas estão comprando e vendendo a cripto — o que facilita suas operações. Isso também dá mais segurança, pois mostra que há atividade e interesse contínuos. Já um volume baixo pode indicar que a moeda é pouco procurada ou que há risco de não conseguir vender quando você quiser.

Pense o seguinte: se você achou “a oportunidade da década” e ninguém está comprando ou vendendo, é muito mais provável que você esteja diante de algo parecido com uma casa em um bairro questionável do que de uma cripto.

Como usar na prática: imagine que você quer comprar um token recém-lançado. Se ele tiver volume diário de apenas US$10 mil, pode ser difícil revender sem perdas. Já um ativo com volume acima de US$100 milhões por dia indica alta movimentação e, geralmente, menos risco para traders.

2. Liquidez

Embora pareça semelhante ao volume, liquidez trata da facilidade com que você consegue comprar ou vender uma criptomoeda sem afetar demais o preço dela. A liquidez depende da profundidade do mercado: ou seja, se há compradores e vendedores suficientes dispostos a negociar a qualquer momento.

Mesmo um ativo com volume razoável pode ter baixa liquidez em momentos de estresse de mercado. Isso significa que, ao tentar vender um valor maior, você pode acabar aceitando um preço bem mais baixo do que o esperado — o famoso slippage.

A combinação entre o volume de negociação e a liquidez entregam, em termos práticos, como o mercado daquele projeto cripto está caminhando naquele momento. São dois pontos importantes se analisados individualmente e ainda mais importantes quando analisados juntos.

Como usar na prática: em exchanges como a Binance, você pode ver o “book de ordens”, que mostra quantas pessoas estão dispostas a comprar ou vender uma moeda. Quanto mais próximas e consistentes forem essas ordens, melhor a liquidez. Evite ativos com pouca profundidade ou grandes variações entre os preços de compra e venda.

3. Número de holders

Essa métrica mostra quantas carteiras diferentes possuem aquela criptomoeda. Em outras palavras, é um indicador de distribuição. Se poucas carteiras concentram quase todo o fornecimento de um token, isso significa que o ativo está nas mãos de poucos — o que pode ser perigoso.

Tokens com um número crescente de holders tendem a ter uma base de usuários mais estável e descentralizada. Isso pode ser sinal de crescimento orgânico e adoção real do projeto.

Aqui entra um certo aspecto filosófico do universo cripto: como a ideia da liberdade que essa comunidade traz vem do fato de que as decisões tomadas estão descentralizadas (e não dependentes de uma centralizada empresa ou um pequeno grupo de pessoas), temos que quanto maior o número de pessoas segurando aquelas moedas em suas carteiras, maior é a chance de que esse ótimo teórico de descentralização seja alcançado.

Como usar na prática: ferramentas como Etherscan ou BscScan mostram o número de holders de qualquer token baseado em Ethereum ou BNB Chain. Observe se a quantidade de detentores cresce com o tempo e se há concentração exagerada em poucas carteiras. Um projeto muito centralizado pode ser manipulado facilmente.

4. Capitalização de mercado (market cap)

A capitalização de mercado é o valor total de uma criptomoeda em circulação, calculado multiplicando o preço atual de cada unidade pelo número de unidades disponíveis.

Essa métrica ajuda a entender o “peso” daquele projeto no mercado. Criptomoedas com market cap muito alto, como Bitcoin ou Ethereum, são consideradas mais consolidadas e seguras. Já ativos com capitalização menor podem ter maior potencial de valorização — mas também são mais arriscados e sujeitos à manipulação.

Como usar na prática: antes de comprar um token, verifique se ele é de baixa, média ou alta capitalização. Tokens com market cap abaixo de US$50 milhões são considerados “micro caps” e apresentam maior volatilidade. Se você está começando, pode ser mais interessante focar em projetos com market cap acima de US$500 milhões, que tendem a ter mais solidez.

5. Suprimento em circulação (circulating supply)

O suprimento em circulação mostra quantas unidades daquela criptomoeda estão disponíveis no mercado agora. Esse dado influencia diretamente o preço, já que, em teoria, quanto menor o número de moedas disponíveis, maior tende a ser o valor individual — se houver demanda suficiente.

Além disso, é importante observar o total que ainda será lançado. Muitos tokens têm uma quantidade máxima definida, como o Bitcoin (com 21 milhões de moedas), enquanto outros liberam novas unidades ao longo do tempo. Se o projeto ainda tem grande parte do fornecimento a ser liberado no futuro, isso pode pressionar o preço para baixo com o tempo.

Aqui entra a lógica de oferta e demanda frente a escassez: considerando a limitação de unidades ofertadas em um projeto cripto, se a demanda for a mesma e a oferta for sendo cada vez menor ao longo do tempo, isso significa que haverá pressão de alta nos preços. Dentre outros motivos, é por isso que dizem que criptos como o Bitcoin são desinflacionários - porque, na prática, contribuem para que cada unidade ganhe valor no tempo em função dessa limitação de oferta.

Como usar na prática: veja qual é o suprimento atual e o total previsto no whitepaper ou em plataformas como CoinMarketCap e CoinGecko. Se você descobrir que apenas 10% do fornecimento já está circulando, o restante poderá ser liberado em etapas — e isso pode impactar o valor de mercado mais à frente.

Como interpretar essas métricas juntas?

Apesar de termos pontuado na segunda métrica que a união dela com a primeira é muito importante, vale ressaltar que nenhuma dessas metrificações deve ser analisada de forma isolada. O ideal é combinar todas elas para ter uma visão mais completa da criptomoeda. Por exemplo:

  • Um token com alto volume e boa liquidez, mas com poucos holders, pode estar sendo controlado por poucas pessoas;

  • Um projeto com market cap modesto e crescimento constante de holders pode indicar adoção orgânica e potencial de valorização;

  • Um token muito promissor, mas com liberação futura de grande quantidade de moedas, pode ter pressão vendedora no médio prazo.

Fazer essa leitura combinada ajuda você a sair da “aposta no escuro” e construir uma estratégia de investimento mais inteligente.

Saber interpretar volume, liquidez, número de holders, capitalização de mercado e suprimento em circulação é essencial para tomar decisões mais seguras no universo das criptomoedas. 

Mesmo que você esteja começando, entender esses conceitos vai te colocar em vantagem diante de quem investe só por hype ou por dicas de redes sociais.

Ao usar essas métricas como base, você não apenas evita armadilhas, mas também consegue identificar projetos sólidos e com bom potencial de crescimento. Informação de qualidade é sempre o melhor investimento.

Ah, e claro: conte também com a Binance e seu processo de listing para verificar mais de perto se aquele projeto cripto é robusto ou uma cilada!

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