Falando na Bitcoin 2025, o presidente da MicroStrategy (Strategy), Michael Saylor, recusou-se a divulgar os endereços das carteiras da empresa.
Embora tenha citado justificativas de segurança, a recusa gerou duras críticas de especialistas do setor.
Na conferência Bitcoin 2025, em 26 de maio, o presidente executivo da MicroStrategy, Michael Saylor, rejeitou firmemente a publicação do endereço da carteira de Bitcoin da empresa. Essa postura desencadeou uma onda de críticas de defensores da transparência e influenciadores do setor de criptoativos.
Saylor comparou a divulgação da carteira da empresa a “tornar pública sua conta bancária e os números de telefone dos seus filhos.” Ele argumentou que isso exporia a MicroStrategy a hackers e “todo tipo de troll imaginável.”
Durante uma longa resposta no palco, ele descreveu a prova de reservas (PoR) como um “truque de salão cripto” que ignora passivos e expõe investidores institucionais a riscos desnecessários.
“A maneira convencional atual de publicar prova de reservas é uma prova de reservas insegura. Nenhum analista de segurança de nível institucional ou empresarial pensaria que publicar carteiras é uma boa ideia,” Saylor argumentou.
Michael @saylor’s full answer on proof of reserves WILL SHOCK YOU!!
The question: Will @Strategy publish proof of reserves
Full answer uncut unedited here
His answer silences all haters
check it out pic.twitter.com/mwvo3S5q41
— Professor₿ (@ProfessorB21) May 27, 2025
Em vez disso, Saylor defendeu a conformidade regulatória dos EUA e auditorias corporativas tradicionais como o padrão ouro.
“A melhor prática é ter um auditor das Big Four verificando as participações, sujeito ao Sarbanes-Oxley, com responsabilidade criminal para executivos se mentirem. É isso que minha empresa faz”, afirmou.
Atualmente, a MicroStrategy detém 576.230 BTC, avaliados em aproximadamente US$ 62,84 bilhões. No entanto, a falta de transparência quanto aos endereços das carteiras segue sendo um ponto de controvérsia no setor, especialmente entre aqueles que defendem a natureza aberta e verificável das operações em blockchain., apesar dessa exposição massiva, a empresa nunca revelou seu endereço de carteira, gerando ceticismo na comunidade cripto.
Analistas criticam alegações de Saylor de que publicar carteiras dilui a segurança
Alguns comentaristas do setor de cripto elogiaram a postura de Michael Saylor, afirmando que “sua resposta silencia todos os críticos.” No entanto, nem todos compartilham dessa opinião.
Duo Nine, fundador da Your Crypto Community (YCC), classificou as declarações de Saylor como “um grande sinal de alerta.”
“Sua desculpa soa mais como se ele estivesse comprando Bitcoin de papel… Chamar a prova de reservas de uma má ideia começa a soar como se Saylor estivesse escondendo algo”, escreveu Duo Nine na rede X (antigo Twitter).
O analista comparou a estratégia de compra alavancada da MicroStrategy ao modelo da extinta Terra Luna, em uma publicação separada. Segundo ele, a Strategy financia sua operação por meio da emissão de novas ações MSTR e papéis preferenciais.
“Saylor está alavancando BTC na casa dos bilhões. Em algum momento, ele vai vender Bitcoin ou dar calote. É assim que você cria uma espiral da morte”, alertou Duo Nine.
Jacob King, CEO da WhaleWire, também manifestou dúvidas quanto às motivações de Saylor. Para ele, o próprio conceito do Bitcoin está baseado em transparência, segurança e rastreabilidade.
“Eles estão escondendo suas carteiras porque não querem que o público veja quando descarregam suas bolsas após atrair investidores de varejo”, afirmou King.
As críticas refletem uma divisão crescente dentro da comunidade Bitcoin entre as práticas institucionais de segurança e a pressão por transparência on-chain.
De um lado, parte dos investidores aceita auditorias externas e registros junto à SEC como suficientes. De outro, há quem veja a recusa em divulgar dados públicos como uma afronta aos princípios fundamentais do BTC. Saylor, no entanto, mantém sua posição.
“…se você é uma pessoa de cripto, mantenha sua própria cripto. E se você é um investidor institucional, deixe-me dizer, eu tenho esse colete social desde 1998… O que é absolutamente crítico no mercado de segurança é que o CFO, o CEO, os diretores externos, os auditores externos e os gerentes de risco sejam todos confiáveis”, enfatizou.
Transparência sob pressão reacende debate com paralelos entre Strategy e Tether
Com mais de meio milhão de BTC sob controle da MicroStrategy, e críticos traçando paralelos com colapsos anteriores, a pressão sobre a empresa tende a crescer.
O debate entre transparência e segurança, portanto, segue longe de uma resolução. A postura opaca da Strategy pode se tornar um ponto de discórdia duradouro no setor.
Enquanto isso, a abordagem de Saylor encontra ecos em outras figuras da indústria. Em abril de 2024, Paolo Ardoino afirmou que a Tether depende de atestados para validar suas reservas.
A declaração ocorreu após a organização Consumers’ Research enviar uma carta ao governador de Washington, Jay Inslee, exigindo medidas de proteção ao consumidor.
No documento, a Tether foi criticada por não realizar auditorias completas para comprovar que sua stablecoin USDT é lastreada na proporção de 1:1 com o dólar americano, apesar de promessas feitas há quase uma década.
O artigo Michael Saylor contesta transparência do Bitcoin e evita divulgar carteira foi visto pela primeira vez em BeInCrypto Brasil.