Com a troca no comando do Executivo americano, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC), equivalente à CVM no Brasil, adotou uma nova postura frente ao setor de criptoativos. A mudança começou em janeiro de 2025 com a saída de Gary Gensler. Sob a presidência interina de Mark T. Uyeda, foi criada a Força-Tarefa de Cripto, liderada pela comissária Hester Peirce. A iniciativa visa construir um arcabouço regulatório claro, colaborativo e juridicamente sólido, marcando uma inédita abertura ao diálogo com o mercado e com a sociedade civil.
No dia 12 de maio, o novo presidente da SEC, Paul Atkins, apresentou sua visão de reformulação da política da agência para os criptoativos. Os pilares da proposta são: transparência regulatória, participação do setor privado no processo decisório e harmonização com outras entidades reguladoras, como a CFTC. O objetivo é uma estrutura funcional, competitiva e favorável à inovação.
As possíveis implicações desse novo direcionamento incluem:
Confiança institucional: A redução da incerteza jurídica pode atrair mais capital institucional, viabilizando a expansão de produtos como ETFs que incluam funcionalidades adicionais, como staking e resgates in-kind, hoje limitados;
Fomento à inovação: Maior segurança regulatória favorece o desenvolvimento de soluções em DeFi, tokenização de ativos, Web3 e redes compatíveis com EVM;
Estabilidade de mercado: A adoção de diretrizes de transparência e registro tende a mitigar riscos de fraudes e manipulações, equilibrando a relação entre emissores, investidores e reguladores;
Competitividade internacional: Com o apoio da nova administração, que pretende nomear especialistas do setor — como Brian Quintenz (CFTC) e Jonathan Gould (OCC) — os EUA buscam consolidar sua liderança global em ativos digitais;
Expansão de produtos financeiros: Com regras mais claras, a SEC poderá autorizar ETFs com funções avançadas e permitir a negociação de derivativos mais sofisticados.
Vale destacar que muitas das mudanças ainda estão em fase preliminar, com regulamentações como a modernização do Regulation ATS previstas para vigorar a partir de outubro de 2025. Além disso, questões centrais como a classificação jurídica dos tokens ainda geram divergências entre a SEC, a CFTC e o Congresso, exigindo coordenação institucional.
Ainda assim, o atual reposicionamento da SEC representa um avanço concreto rumo a um ambiente mais transparente e funcional, e pode consolidar os Estados Unidos como polo global para o desenvolvimento e regulação dos ativos digitais.
ETFs e Derivativos
Após a reunião do FOMC, os ETFs spot registraram quase US$ 500 milhões em entradas, sinalizando renovado interesse institucional. Enquanto isso, o mercado futuro manteve o open interest próximo das máximas pela terceira semana consecutiva, mesmo após as intensas liquidações entre os dias 7 e 8 de maio.
Essas movimentações eliminaram investidores alavancados em posições compradas, abrindo espaço para uma reversão de tendência. Na sequência, a escalada dos preços resultou em mais US$ 1,5 bilhão em liquidações de posições vendidas (shorts), fortalecendo ainda mais o impulso de alta.
A persistência do Long/Short Ratio (LSR) abaixo de 1 por mais uma semana indica maior volume de apostas na queda do Bitcoin em relação às posições compradas. Esse desequilíbrio cria um cenário propício para continuidade da alta, já que movimentos positivos no preço podem forçar liquidações de posições vendidas, acelerando o impulso de valorização.
Impacto nas opções de julho
Embora as opções ainda exerçam influência limitada sobre o mercado em maio, o cenário muda em junho. O valor nacional aumentou significativamente, com destaque para o vencimento do dia 27, que concentra cerca de US$ 9,79 bilhões em contratos, com o ponto de "dor máxima" (max pain) situado em US$ 90 mil.
Esse patamar sugere um potencial impacto nos preços à medida que nos aproximamos da data. No entanto, é importante lembrar que, devido à distância temporal, esse ponto pode ser ajustado pelos provedores de liquidez conforme a dinâmica do mercado evolui.