Nova bolsa de imóveis tokenizados promete revolucionar o mercado imobiliário brasileiro



Nova bolsa de imóveis tokenizados nasce no Brasil com apoio de ex-diretor do BC e cofundador da Movile.

Uma mudança de paradigma pode estar prestes a acontecer no mercado imobiliário brasileiro. A união entre Tony Volpon, ex-diretor do Banco Central e sócio da CF Inovação, e Andreas Blazoudakis, fundador da Netspaces e cofundador da Movile, está dando origem ao que promete ser a primeira bolsa de imóveis tokenizados do mundo.

O anúncio foi feito com exclusividade à Bloomberg Línea. A proposta da nova plataforma é criar um ambiente de negociação baseado em blockchain pública, onde corretores, incorporadoras e investidores poderão acompanhar, em tempo real, ofertas de imóveis representados por tokens digitais.

A operação começa oficialmente em 6 de junho, durante o Blockchain Real Estate Summit. Nessa primeira fase, o projeto reunirá 10 mil corretores e cem incorporadoras em um modelo sandbox. Serão disponibilizados cem empreendimentos, todos imóveis na planta , um recorte estratégico que evita a necessidade de diligência jurídica prévia para tokenização.

Menos barreiras, mais acesso
A lógica por trás da iniciativa é clara. Com a tokenização, o acesso ao mercado imobiliário torna-se mais democrático. Hoje, é comum que um comprador precise de pelo menos R$ 300 mil para adquirir um imóvel. Com o modelo proposto, será possível começar com apenas R$ 10 mil, adquirindo uma fração da propriedade com potencial de expansão.

Esse novo formato também permite flexibilidade inédita. Um comprador poderá, por exemplo, negociar com o banco a recompra de parte do imóvel para obter liquidez, utilizando os tokens como garantia. A movimentação cria um novo tipo de ativo financeiro lastreado em patrimônio físico.

Uma infraestrutura pronta para escalar
A ideia da bolsa surgiu quando a CF Inovação venceu um edital do sistema Cofeci-Creci para digitalizar o mercado nacional de corretores de imóveis. O projeto Colibri-SGR (Sistema de Governança e Registro de Contratos) foi o primeiro passo para estruturar o ecossistema necessário. Mas faltava o outro lado da equação: imóveis tokenizáveis em larga escala.

Foi então que entrou a Netspaces. Primeira proptech brasileira com tecnologia própria de tokenização, a empresa já havia digitalizado 76 imóveis, atuava em 136 cidades e mantinha parcerias com 15 incorporadoras. Em 2024, firmou um acordo de exclusividade com a Housi, que reúne mais de 600 incorporadoras.

A fusão de capacidades foi natural. A CF Inovação trouxe a demanda, a Netspaces entregou a oferta. O resultado é uma infraestrutura que já nasce robusta, com a ambição de chegar a mil incorporadoras e cem mil corretores em 350 cidades até 2026.

Tokenizar o imóvel, não a empresa
Um ponto técnico que diferencia essa iniciativa é a forma como os tokens são estruturados. Enquanto modelos tradicionais tokenizam participações em empresas que detêm imóveis, a solução da Netspaces insere o token diretamente na matrícula do imóvel. A prática é inédita no Brasil e até pouco tempo atrás, era única no mundo — até que Dubai lançou uma proposta semelhante.

O projeto também já vislumbra uma segunda etapa. A tokenização pode permitir o financiamento direto de obras com base na receita prevista de compradores. Os pagamentos mensais, securitizados, serviriam como garantia para levantar capital antecipado. É o que Volpon chama de geração de novos tokens a partir de tokens já emitidos.

Muito além de um marketplace
Mais do que uma plataforma digital de compra e venda de imóveis, a nova bolsa representa um novo modelo de governança e operação do mercado imobiliário. Com ela, o corretor amplia seu alcance para além de sua base regional. O investidor ganha liquidez e novas opções. A incorporadora reduz custos e acessa um canal alternativo de financiamento.

O movimento é grande. E não à toa, parte de uma parceria entre dois nomes com histórico de inovação e execução. A era da tokenização imobiliária no Brasil pode estar apenas começando. E ela já nasce com cara de revolução.