Nenhuma análise, por mais intrincada que seja, pode prever o momento em que as carteiras esquecidas do Bitcoin, forjadas na fervorosa aurora de 2010, possam ressurgir como uma fênix de suas cinzas. No entanto, a pergunta persiste, digna de contemplação: e se a próxima mudança sísmica no mercado não vier das proclamações da Binance, nem das correntes dos ETFs, nem do fervor do varejo, mas dos movimentos da memória entre uma geração que envelheceu?
Existem homens e mulheres, agora no crepúsculo da vida, que mineraram Bitcoin por capricho quando era uma mera curiosidade, valendo centavos em seus primeiros dias. Eles cuidaram de torneiras em fóruns esquecidos, acumularam tokens que, em 2012, tinham valor modesto, subindo de dólares para centenas em um surto fugaz. Não eram financistas, mas inventores da web primitiva, suas fortunas seladas em chaves rabiscadas em papéis amarelados, dobradas em gavetas, ou gravadas em placas de aço deixadas em caixas de ferramentas. Eles não desapareceram; envelheceram, suas vidas entrelaçando-se por anos não vistos pelo olhar da blockchain. Alguns habitam lares de idosos, outros vivem distantes de seus parentes, seu passado um eco desvanecente. No entanto, suas carteiras persistem, acolhendo centenas ou milhares de moedas, cada uma uma fortuna em um mercado onde o Bitcoin ultrapassa os $100.000.