O escândalo de vazamento de dados envolvendo a Coinbase, ocorrido no fim do ano passado e revelado publicamente no início deste ano, ganhou novos capítulos. Segundo a revista Fortune, Ashita Mishra, funcionária terceirizada da corretora de criptomoedas na Índia, teria começado a repassar informações sigilosas de clientes a hackers a partir de setembro de 2024.
Os criminosos, após pagar em dólares pelas informações, usaram os dados para se passar por representantes da empresa e aplicar golpes, atingindo milhares de usuários. A falha só foi identificada em janeiro de 2025, mas a Coinbase optou por divulgar o caso apenas em maio, depois de receber um pedido de resgate em Bitcoin.
Mishra prestava serviços para a TaskUs, companhia americana de terceirização com mais de 60 mil empregados distribuídos em 12 países. Entre setembro de 2024 e janeiro de 2025, ela e um cúmplice aliciaram outros colegas para fornecer informações de clientes a grupos criminosos. Em alguns dias, Mishra chegava a registrar até 200 contas, totalizando dados de mais de 10 mil usuários, cada um vendido por cerca de US$ 200. No total, o incidente impactou 69.461 clientes da Coinbase.
O processo aponta ainda que supervisores da TaskUs estariam cientes da fraude e que a empresa tentou abafar o caso, chegando a demitir 226 funcionários, além da equipe de recursos humanos que investigava o ocorrido. Os hackers envolvidos seriam, em sua maioria, jovens ligados ao grupo conhecido como “the Comm”.
Diante da repercussão, a Coinbase declarou ter informado clientes e órgãos reguladores, reembolsado os prejudicados, reforçado seus mecanismos de segurança e encerrado o contrato com a TaskUs. A corretora também criou um fundo de US$ 20 milhões para recompensar quem trouxer informações que levem à prisão dos responsáveis. A TaskUs, por sua vez, não comentou diretamente as acusações, mas disse que continua priorizando a proteção de dados e aprimorando seus protocolos globais de segurança.
Relembre o vazamento na Coinbase
A Coinbase soube da violação antes de torná-la pública. Hackers tentaram extorquir a Coinbase por US$ 20 milhões em Bitcoin, mas a empresa se recusou a pagar, oferecendo recompensa pelo rastreamento dos criminosos.
Menos de 1% dos usuários foram afetados. O caso resultou em processo de acionistas por atraso na divulgação e suposta ocultação de problemas regulatórios.
O episódio evidencia os riscos da terceirização em empresas que lidam com informações sensíveis e é considerado o maior vazamento de dados da história da Coinbase.