Mas a verdadeira questão é: o que fazemos com um papa hoje?
Vivemos em um mundo onde a autoridade é suspeita, a fé é uma hashtag, e a espiritualidade uma extensão da marca pessoal.
A Igreja não dita mais. Ela não molda mais. Ela permanece como um objeto desproporcional, em um mundo que funciona sem perguntar para onde.
Então, por que é que, quando um papa morre, Ainda sentimos algo?
Talvez porque — no fundo — Ainda precisamos de alguém que não está à venda. Que não trabalha. Que não se apresenta.
Francisco não era uma solução. Ele era um erro de sistema. Uma voz desafinada. Uma presença que não podia ser monetizada.
E é exatamente por isso que ele importava.
Agora que ele se foi, a verdadeira questão retorna:
Ainda precisamos de alguém para nos lembrar que não somos apenas algoritmo e aparência? Que nem tudo deve servir a um propósito? Que a dúvida, os limites e o silêncio também têm valor?
Talvez a Igreja tenha acabado. Mas a necessidade de significado — essa — Ainda não encontrou para onde ir.