• A inteligência russa usa Bitcoin para financiar espiões adolescentes e não treinados para operações secretas.

  • Investigações em blockchain ligam transações de criptomoedas a agências de inteligência russas e entidades sancionadas.

  • A transparência da tecnologia blockchain permite o rastreamento em tempo real do financiamento de espiões enquanto evita sistemas financeiros tradicionais.

As agências de inteligência russas têm recorrido cada vez mais à criptomoeda, particularmente o Bitcoin, para financiar operações secretas. Uma investigação recente da Reuters, em colaboração com empresas de blockchain Global Ledger e Recoveris, revelou como operativos russos usam Bitcoin para financiar espiões, incluindo indivíduos não treinados e adolescentes. Essa revelação descobre novos métodos para evadir sanções e garantir sigilo nas operações de espionagem em toda a Europa.

Pagamentos em Bitcoin para um Espião Adolescente

O caso de Laken Pavan, um canadense de 17 anos, ilustra como a Rússia recruta jovens agentes para trabalhos de inteligência. Pavan foi recrutado pelo Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) após viajar para Donetsk em abril de 2024. Pavan havia se radicalizado online e se juntado às forças pró-russas em Donetsk.

A FSB o deteve e o coagiu a trabalhar como espião. Ele foi designado para reunir informações para a Rússia e foi prometido novas designações em toda a Europa, incluindo a Ucrânia. Durante sua estadia em Copenhague, Pavan estava recebendo pagamentos em Bitcoin de mais de 500 dólares de seu manipulador da FSB conhecido apenas como Slon.

Os fundos usados nesses pagamentos foram seguidos usando carteiras intermediárias através das quais uma rede maior de Bitcoin identificou uma rede maior de pagamentos em Bitcoin conectados à inteligência russa. Esse dinheiro foi transferido através de carteiras que movimentaram milhões em criptomoeda, consolidando ainda mais as transações nas atividades do governo russo.

Uma Rede Mais Ampla de Financiamento em Criptomoeda

A investigação revelou um padrão em que as agências de inteligência russas usam regularmente Bitcoin para financiar agentes. Empresas de blockchain como a Recoveris observaram transações semelhantes envolvendo outros operativos europeus. Isso inclui casos em 2023, quando agentes bielorrussos e ucranianos foram recrutados e financiados através de criptomoeda. Suas missões envolviam espalhar propaganda política e conduzir atividades de espionagem, como colocar câmeras e marcar muros da cidade.

De acordo com Marcin Zarakowski, CEO da Recoveris, as carteiras da FSB e da GRU estão ativas há vários anos. Essas carteiras normalmente realizam transações durante Moscovo durante o horário comercial, o que é uma clara indicação de um sistema bem organizado. Ao usar essa modalidade, a Rússia pode evitar depender dos sistemas bancários tradicionais; portanto, é difícil identificar ou parar tais operações pelas autoridades.

Conexões com Entidades Russas Sancionadas

Transações de Bitcoin rastreadas até carteiras ligadas à FSB também foram associadas a entidades russas sancionadas. Um endereço significativo vinculado à exchange de criptomoedas russa Garantex foi encontrado como parte dessa rede. A Garantex foi desmantelada no início deste ano, mas seu rebranding como Grinex sugere que a operação continua.

Essas descobertas destacam o uso contínuo de moedas digitais para financiar operações em desafio às sanções internacionais. O uso de criptomoedas é muito benéfico para as atividades de inteligência da Rússia. Ele permite negociações rápidas e internacionais que não ocorrem através do financiamento estabelecido. Além disso, a tecnologia blockchain pode ser vista com um grande senso de transparência, o que implica que oficiais de inteligência de alto escalão e/ou manipuladores podem auditar o fluxo de dinheiro em tempo real.

Isso garantirá que os agentes utilizem adequadamente os fundos para seus propósitos pretendidos na operação de seu programa. Com o aumento do número de sanções internacionais impostas à Rússia, há uma probabilidade aparente de uso contínuo de criptomoedas como o Bitcoin para cobrir atividades ilegais. As criptomoedas permitem transferir grandes quantidades de dinheiro de forma incontrolável pelo governo, tornando-se um meio atraente de operar em atividades patrocinadas pelo estado.