No mundo da cripto, é fácil se deixar levar pelo hype, especialmente quando novos projetos prometem ‘ir para a Lua’ e o mercado reage a cada tweet. Mas em meio a todo esse barulho, sempre há vozes valiosas que nos trazem de volta à realidade.
Uma dessas vozes é Bobie Cayao: um trader de cripto experiente, especialista em marketing na LMF Ventures, Inc., e OIC de pesquisa e desenvolvimento na Asbir Tech Inc.
Nesta conversa franca, Bobby fala sobre sua jornada em cripto, o que distingue startups verdadeiramente viáveis, como manter o FOMO sob controle e por que confiança e transparência são mais valiosas do que qualquer hype de token.
Seja você um investidor tentando eliminar projetos ruins, um fundador buscando crescimento sustentável, ou apenas curioso sobre o mundo das criptomoedas, essas percepções o ajudarão a ver a essência sem os enfeites desnecessários.
— Conte-nos como você começou sua jornada na indústria cripto. Qual foi o momento chave ou inspiração que o levou a seguir uma carreira neste campo específico?
Fui apresentado à cripto em 2010, durante os primeiros dias quando o Bitcoin ainda era relativamente desconhecido e tinha muito pouco valor. Sempre fui apaixonado por tecnologia e oportunidades de ganhar dinheiro online, então quando descobri o Bitcoin e seu potencial subjacente, fiquei instantaneamente intrigado.
Eu observei de perto o crescimento do Bitcoin à distância e comecei a me envolver ao entrar em plataformas de escrita que pagavam em BTC. Também participei de investimentos iniciais em Bitcoin, airdrops, e até coletei satoshis gratuitos. Entre 2011 e 2013, consegui acumular cerca de 24 BTC, vendendo uma parte dele durante aqueles anos.
O verdadeiro ponto de virada na minha jornada cripto ocorreu em 2016. Foi quando comecei a ver o verdadeiro potencial de lucro no espaço cripto. Foi também o ano em que comecei a negociar ativamente. Desenvolvi minhas habilidades de negociação usando plataformas como Bittrex, que na época era um dos meus locais preferidos para aprendizado e prática.
Desde então, o trading se tornou não apenas uma habilidade, mas meu principal impulso e inspiração na indústria cripto. Eu descobri que ganhar dinheiro em cripto, especialmente através do trading, se tornou mais fácil e mais eficaz para mim do que qualquer outra via.
— Diz-se frequentemente que a abordagem à seleção de projetos no investimento em ações tem suas peculiaridades em comparação com investimentos de capital de risco em startups de criptomoedas. Quais você vê como as principais diferenças entre essas duas abordagens? E na sua opinião, o que torna uma startup de cripto bem-sucedida no ambiente atual? O que é importante para os investidores e quais fatores devem ser considerados ao escolher um projeto para investimento?
Sim, definitivamente há uma grande diferença entre como os projetos são selecionados no investimento tradicional em ações em comparação com o capital de risco no espaço cripto.
No investimento em ações, as pessoas geralmente optam por empresas estabelecidas com históricos comprovados, receita sólida e relatórios financeiros que você pode analisar. É mais sobre estabilidade e crescimento a longo prazo. Mas quando se trata de capital de risco em cripto, é um jogo completamente diferente.
A maioria das startups de cripto ainda está em seus estágios iniciais — muitas nem têm um produto ainda — então a abordagem precisa ser mais voltada para o futuro e baseada no potencial em vez do desempenho passado.
O que geralmente olho primeiro é a equipe por trás do projeto. Eles são experientes? Têm um histórico de entrega de resultados? Em cripto, uma equipe forte realmente faz a diferença.
Então, há o problema que o projeto está resolvendo — é uma questão do mundo real ou apenas mais uma cópia de algo que já existe? A tokenomics também é crítica. Se o token não tiver um uso claro ou se a distribuição for desequilibrada, isso geralmente é um sinal vermelho para mim.
Outro grande fator é a comunidade. Um projeto com uma comunidade forte e engajada tem uma chance muito melhor de sobreviver e crescer. Eu vi projetos com uma ótima tecnologia falharem apenas porque ninguém estava usando ou apoiando eles. E, claro, a execução importa. Um roteiro sólido é ótimo, mas eles conseguem realmente entregar o que prometeram?
Para uma startup de cripto ter sucesso hoje, precisa de mais do que apenas hype. Tem que fornecer utilidade real, manter-se transparente e estar pronta para se adaptar porque o espaço evolui tão rápido. Parcerias, integrações e até quão bem a equipe se comunica com o público tudo importa muito agora.
Para os investidores, especialmente hoje, é importante não se deixar cegar pelo hype. Você realmente precisa cavar fundo — entender os fundamentos do projeto, o mercado que está entrando, a visão da equipe e se o token realmente tem um propósito. O capital de risco em cripto é de alto risco, mas com a abordagem certa, pode também trazer altas recompensas.
— O FOMO muitas vezes leva a decisões de investimento irracionais. Como você gerencia seu próprio FOMO quando novos projetos surgem e que conselho você daria aos investidores que se sentem pressionados a entrar em criptomoedas em alta?
O FOMO é real em cripto. Eu senti isso, especialmente nos primeiros dias quando você vê um token disparando e todos nas redes sociais estão falando sobre isso. Mas com o tempo, aprendi que ceder ao FOMO geralmente leva ao arrependimento.
Pessoalmente, eu gerencio meu FOMO seguindo um plano claro. Antes de investir em qualquer projeto, pergunto a mim mesmo: “Eu entendo este projeto? Fiz minha própria pesquisa ou estou apenas reagindo ao hype?”
Se a resposta for não, eu não entro — não importa quão bom pareça no momento. Eu também me lembro que oportunidades sempre virão. Perder um pump não significa que você perdeu todo o trem cripto.
Outra coisa que ajuda é olhar para o quadro geral. Muitos tokens em alta sobem rápido, mas caem ainda mais rápido. Eu me concentro mais no valor a longo prazo — projetos que resolvem problemas reais, têm equipes sólidas e casos de uso claros. Eu preferiria pegar um projeto cedo porque vi o potencial, não porque entrei em pânico ao ver candles verdes.
Para novos investidores, meu conselho é simples: desacelere. Os melhores investidores não são os mais rápidos, são os mais pacientes e informados. Nunca invista apenas porque uma moeda está em alta ou porque todos estão falando sobre ela.
O hype desaparece — a utilidade e os fundamentos não. Sempre faça sua própria pesquisa (DYOR), defina sua própria estratégia e mantenha-se fiel a ela. Não deixe que as redes sociais ou chats de grupo decidam por você.
No final, gerenciar o FOMO é sobre disciplina. Quanto mais você confiar em seu processo, menos você sentirá a pressão de correr atrás de cada nova moeda brilhante.
— Na sua opinião, é possível encontrar esse equilíbrio entre o desejo de se manter a par das últimas tendências e uma estratégia de investimento disciplinada? E se sim, como?
Sim, eu acredito que é definitivamente possível encontrar esse equilíbrio entre estar por dentro das tendências e seguir uma estratégia de investimento disciplinada. Na verdade, acho que é essencial se você quiser durar neste espaço.
O que funciona para mim é tratar as tendências como algo a ser observado, não algo a ser perseguido cegamente. Eu me mantenho atualizado — leio as notícias, sigo projetos, verifico o que está em alta — mas não deixo o hype controlar minhas decisões.
Toda vez que vejo um novo projeto ou token recebendo atenção, eu ainda volto à minha lista de verificação pessoal: Quem está por trás disso? Qual é o caso de uso? A economia do token é sólida? Se não passar, eu não invisto — não importa quão hypado esteja.
Uma coisa que também aprendi é separar exploração de investimento. É aceitável explorar novas ideias e comunidades, até testar coisas com pequenas quantidades. Mas quando se trata de colocar capital real, é aí que volto a ser rigoroso com meu processo.
Para os investidores por aí, eu diria: mantenha-se curioso, mas mantenha-se disciplinado. Você pode acompanhar o espaço e aprender com as tendências, mas não deixe que elas controlem suas emoções. Sua estratégia deve sempre ser a base.
— Como a confiança pode ser construída em projetos cripto durante momentos em que o mercado está saturado? Quais estratégias funcionam e quais definitivamente não funcionam?
Sim, construir confiança em cripto quando o mercado está inundado com novos projetos não é fácil — mas é possível se você se concentrar nas coisas certas.
Para mim, tudo começa com transparência. Apenas seja real com as pessoas. Compartilhe atualizações consistentemente, fale abertamente sobre os desafios e não poste apenas quando há boas notícias. Quando uma equipe é honesta e comunicativa, mesmo em tempos difíceis, isso constrói muita confiança.
Outro grande ponto é simplesmente entregar. Neste momento, todos estão prometendo a próxima grande novidade, mas muito poucos realmente entregam algo. Se um projeto está mostrando progresso constante — mesmo pequenas vitórias — isso diz muito mais do que hype ou marketing sofisticado. As pessoas querem ver ação, não apenas palavras.
A conexão com a comunidade também desempenha um papel enorme. Quando os projetos realmente se envolvem com seus apoiadores, respondem perguntas e os envolvem na jornada, isso faz as pessoas se sentirem parte de algo. É assim que se constrói lealdade, especialmente em um espaço onde golpes e fraudes tornaram as pessoas mais cautelosas.
Agora, o que definitivamente não funciona? Tentar criar hype com influenciadores pagos, bots ou engajamento falso. Isso pode lhe dar atenção a curto prazo, mas não constrói credibilidade real. E projetos que evitam críticas, banem pessoas por fazer perguntas difíceis ou se escondem atrás de roteiros vagos — esses perdem confiança rapidamente.
Então sim, em um mercado lotado, a maneira de se destacar é sendo autêntico, mantendo-se consistente e realmente entregando valor. O hype desaparece — mas o trabalho real, a transparência real e a comunidade real permanecem.
— Os ecossistemas cripto hoje estão correndo para atrair construtores e usuários. Na sua opinião, o que separa um ecossistema de hype de curto prazo de um com poder de permanência a longo prazo?
Neste momento, há muito hype em torno de ecossistemas cripto tentando chamar a atenção, mas os que duram não são os que dependem de incentivos de curto prazo ou truques de marketing. Eles se concentram em construir uma infraestrutura forte e escalável que funcione e facilite para os desenvolvedores criarem.
A chave é ter um verdadeiro suporte para aqueles que estão construindo na plataforma — documentação sólida, comunidades ativas e equipes responsivas. Os construtores querem sentir que fazem parte de algo que não é apenas sobre ganhos rápidos, mas crescimento a longo prazo.
Os ecossistemas mais bem-sucedidos também têm uma verdadeira adoção por usuários e casos de uso genuínos. Não se trata apenas de ter um alto valor total bloqueado (TVL) ou muito hype em torno de um token — é sobre se as pessoas estão usando a plataforma.
E além disso, a cultura do ecossistema também importa. Os projetos com poder de permanência têm uma comunidade forte e orientada por missões que acredita no que estão construindo, não apenas em correr atrás de lucros. Esses ecossistemas crescem lentamente, mas de forma segura, e é isso que os mantém por perto a longo prazo.
— Nos últimos anos, houve um aumento significativo no interesse institucional em cripto. O que, na sua opinião, tem sido a principal força motriz por trás dessa mudança, e como você a vê se desenvolvendo no futuro próximo?
O aumento do interesse institucional em cripto se resume ao fato de que o espaço amadureceu e se tornou mais mainstream.
Há alguns anos, era visto principalmente como um faroeste de investimentos especulativos, mas à medida que a tecnologia evoluiu e o ambiente regulatório começou a ficar mais claro, as instituições estão vendo isso sob uma nova luz — menos como um jogo de alto risco e mais como um ativo viável a ser considerado.
Olhando para o futuro, eu acho que veremos mais instituições não apenas investindo em cripto, mas também incorporando isso em suas operações. Seja através do uso de blockchain para coisas como transparência na cadeia de suprimentos, tokenização de ativos ou implementação de contratos inteligentes, as possibilidades são enormes.
Claro, ainda há muita incerteza com a regulamentação e flutuações de mercado, mas à medida que essas questões forem resolvidas, acredito que veremos mais players institucionais adotando a cripto como parte regular de suas estratégias.
— De acordo com uma postagem recente de um analista popular no CoinMarketCap, WhiteBIT e Binance oferecem um conjunto completo de serviços institucionais necessários para fornecer liquidez. Na sua opinião, a disponibilidade de tal pacote de serviços tem um impacto positivo no nível de confiança dos investidores em uma exchange de cripto?
Eu definitivamente acho que ter um conjunto completo de serviços institucionais, como o que a WhiteBIT e a Binance oferecem, pode ajudar a construir confiança com os investidores. Quando uma exchange fornece coisas como liquidez profunda, ferramentas de negociação sólidas e maneiras seguras de armazenar ativos, isso mostra que é séria e capaz de lidar com negociações maiores sem muito risco.
Para os investidores, especialmente os maiores, a liquidez é um grande problema. Eles querem saber que podem executar negociações sem causar grandes oscilações de preço. Além disso, com a cripto ainda sendo um pouco uma carta coringa, ter boa segurança e estar em conformidade com as regulamentações são fundamentais para construir confiança.
Se uma exchange oferece tudo isso, isso mostra que eles não estão apenas lá para o lucro rápido — eles estão nisso para o longo prazo. Então sim, ter esses serviços definitivamente faz os investidores se sentirem mais confiantes sobre a exchange.
— A cripto está se espalhando por indústrias tradicionais, mas muitas empresas tradicionais ainda hesitam em adotá-la. O que você acha que são as principais barreiras que impedem essas empresas de abraçar totalmente a cripto, e como a indústria pode superar esses obstáculos para aumentar a adoção mais ampla?
Eu acho que as principais razões pelas quais as empresas tradicionais hesitam em adotar cripto são incerteza e volatilidade. Ainda há muita confusão sobre como a cripto se encaixa nas regulamentações existentes, e essa falta de clareza pode deixar as empresas nervosas em dar o passo.
Além disso, as oscilações de preços de coisas como o Bitcoin podem dificultar o planejamento e a gestão de riscos pelas empresas, especialmente se não estão acostumadas a tais flutuações.
Para superar esses obstáculos, a indústria cripto precisa colaborar mais com os reguladores para criar regras claras e consistentes nas quais as empresas possam confiar. Uma vez que haja mais certeza, as empresas estarão mais confortáveis em adotar cripto.
Além disso, com inovações como stablecoins, que oferecem mais estabilidade de preços, a cripto pode se tornar uma opção mais atraente para empresas que precisam de previsibilidade. Com o tempo, à medida que as empresas veem como a cripto pode agregar valor — seja para pagamentos mais rápidos, menores taxas ou novos modelos de negócios — eu acho que veremos uma adoção mais ampla.
— O mercado cripto pode ser volátil e imprevisível. Como você aconselha empresas no espaço a se manterem adaptáveis enquanto continuam a inovar?
A chave para as empresas no espaço cripto é permanecer adaptável e sempre manter um olho tanto no mercado quanto na tecnologia. A volatilidade é parte do jogo, mas é importante não deixar oscilações de preço de curto prazo ditarem a estratégia de longo prazo.
Eu aconselharia as empresas a se concentrarem em construir bases sólidas — coisas como infraestrutura confiável, casos de uso do mundo real e parcerias sólidas. Quando a tecnologia e o modelo de negócios são construídos para durar, é mais fácil enfrentar os altos e baixos do mercado.
Ao mesmo tempo, a inovação é o que mantém as empresas à frente. Elas devem estar constantemente explorando novas maneiras de melhorar ou expandir suas ofertas — seja através de melhor segurança, transações mais rápidas ou novas aplicações de blockchain.
Manter-se flexível, ouvir o feedback dos clientes e estar aberto a mudar quando necessário ajudará as empresas a permanecerem relevantes, mesmo quando o mercado é imprevisível.
— Como especialista em marketing, o que você acha que é o aspecto mais mal compreendido do Web3 aos olhos do público? Como as pessoas podem ser melhor informadas sobre seus benefícios e potencial?
Um dos aspectos mais mal compreendidos do Web3 é a ideia de que se trata apenas de criptomoedas ou especulação. Muitas pessoas ainda o veem como uma tendência impulsionada por lucros rápidos, mas o Web3 é sobre muito mais do que apenas ativos digitais.
Trata-se de criar uma internet mais descentralizada e aberta, onde os usuários têm controle sobre seus dados, identidade e transações. O verdadeiro potencial do Web3 está em coisas como finanças descentralizadas (DeFi), contratos inteligentes e propriedade digital que vão muito além de comprar e negociar tokens.
Para ajudar as pessoas a entenderem seus benefícios, eu acho que é importante focar na educação. Desdobrar conceitos complexos em termos simples e relacionáveis — como mostrar como a blockchain pode melhorar segurança, transparência e eficiência em aplicações cotidianas — pode ir longe.
Além disso, destacar casos de uso do mundo real onde o Web3 já está fazendo um impacto positivo, como no rastreamento da cadeia de suprimentos ou empoderando criadores com NFTs, pode ajudar as pessoas a verem seu verdadeiro potencial. Precisamos mostrar que o Web3 não é apenas uma palavra da moda, mas uma nova forma de repensar a internet e como interagimos online.
— Finalmente, se você pudesse dar um conselho a quem está entrando em cripto pela primeira vez, qual seria?
Se há uma peça de conselho que eu daria a qualquer um que está apenas começando em cripto, é esta: não se apresse — aprenda primeiro, invista depois. O espaço pode ser super empolgante, mas também opressor. Há muito hype, e é fácil sentir que você está perdendo algo. Mas pular sem entender os fundamentos é uma das maneiras mais rápidas de cometer erros.
Reserve um tempo para entender do que se trata a cripto — como funciona a blockchain, para que diferentes tokens são usados e como identificar um projeto legítimo de um arriscado. Siga fontes confiáveis, faça perguntas e não tenha medo de começar pequeno.
Acima de tudo, lembre-se de que cripto não é um atalho para ficar rico da noite para o dia — é um jogo de longo prazo que recompensa paciência, curiosidade e tomada de decisão inteligente. Trate isso como se estivesse investindo em seu futuro conhecimento tanto quanto em seu dinheiro.
Publicado originalmente em https://36crypto.com em 25 de abril de 2025.