O último movimento da GameStop para alocar parte de sua reserva de caixa de US$ 4,77 bilhões em Bitcoin reacendeu a especulação sobre se a ação meme que virou um ativo digital pode ajudar a empurrar o BTC além da marca elusiva de US$ 100 mil — e, finalmente, para o cobiçado marco de US$ 200 mil. Mas enquanto o anúncio adiciona combustível à narrativa otimista de longo prazo do Bitcoin, analistas alertam que o ambiente atual carece da força institucional e da infraestrutura necessárias para desencadear tais ganhos explosivos.

GameStop se junta ao movimento do Tesouro Corporativo do Bitcoin
A GameStop agora se junta a uma lista crescente de empresas de capital aberto que adotam o Bitcoin como um ativo de reserva do tesouro. Seguindo os passos da Strategy (MSTR) de Michael Saylor, da Metaplanet do Japão e da gigante da mineração MARA Holdings, o pivô da empresa é visto como uma declaração ousada de confiança no BTC como um hedge e reserva de valor.
Apesar desse ímpeto — e da recente ordem executiva de Donald Trump incentivando aquisições de BTC "neutras em termos de orçamento" — o Bitcoin não conseguiu recuperar US$ 100 mil, sendo negociado em torno de US$ 86.900 e lutando para se destacar por mais de 50 dias.

Forte demanda corporativa, mas infraestrutura fraca
Embora a decisão da GameStop aumente a crescente lista de detentores corporativos de Bitcoin, analistas dizem que algumas compras de títulos do tesouro de alto perfil não são suficientes para desencadear um movimento parabólico para US$ 200 mil.
Um dos principais motivos: a integração com o sistema financeiro tradicional (TradFi) ainda é insuficiente.
Os ETFs de Bitcoin continuam liquidados em dinheiro, limitando a eficiência tributária e impedindo entradas físicas de BTC.
Grandes bancos e corretoras — como JPMorgan, Vanguard e BNY Mellon — ainda restringem o acesso a ETFs de BTC à vista e a exposição a criptomoedas.
Os mercados de derivativos carecem de clareza regulatória, com bolsas offshore dominando o volume de negociação, levantando sinais de alerta para participantes institucionais avessos ao risco.
O ouro supera o BTC apesar do fluxo de notícias positivas
Curiosamente, apesar das manchetes favoráveis sobre criptomoedas, o ouro superou o Bitcoin nas últimas semanas, sendo negociado apenas 1,3% abaixo de sua máxima histórica de US$ 3.057. Isso destaca uma desconexão entre as narrativas do mercado de criptomoedas e a ação real do preço — impulsionada pela incerteza do investidor e pela falta de entradas de capital de instituições TradFi.

Incerteza regulatória ainda obscurece a adoção institucional
Mesmo com vitórias recentes como a revogação do SAB 121 da SEC e o programa Bitcoin Reserve proposto por Trump, o espaço cripto ainda sofre com atritos de reputação e regulatórios:
Grandes exchanges de criptomoedas, como Binance e Kraken, enfrentaram grandes multas por violações de AML.
Gestores de patrimônio continuam impedidos de oferecer BTC aos clientes, limitando a exposição de portfólios tradicionais.
Por que o Bitcoin pode não atingir US$ 200 mil tão cedo
Embora a compra de BTC pela GameStop seja simbolicamente otimista, a ação do preço é impulsionada pelo capital — não apenas pelas manchetes. E com o mercado de derivativos de Bitcoin ainda amplamente inacessível às instituições dos EUA, o peso da percepção de risco, os gargalos regulatórios e a ausência de uma rampa financeira unificada mantêm o crescimento do preço do BTC sob controle.
“Até que ocorra uma integração significativa com o setor bancário, o lado positivo do BTC permanecerá limitado”, observam os analistas.
A compra de BTC pela GameStop é um passo à frente — mas não um catalisador. Sem uma mudança significativa na infraestrutura TradFi, estruturas de ETF e acesso institucional, o Bitcoin pode permanecer limitado abaixo de seis dígitos no curto prazo.
Para que o BTC atinja US$ 200 mil, é necessário mais do que o endosso de uma ação meme — será preciso clareza regulatória, acesso institucional contínuo e uma infraestrutura de mercado mais profunda que ainda está em desenvolvimento, de acordo com a Cointelegraph.